Clique aqui para ter acesso a íntegra do processo

Cópia do acórdão do STF da decisão que resultou na expulsão de Padre Vito (clique para ter acesso a íntegra do processo) – Fonte: Diário da Justiça/STF

 Blog: O que aconteceu ao chegar no Rio de Janeiro?
Padre Vito Miracapillo: Chegamos no Rio de Janeiro e fizeram parar o avião fora do alcance do embarque do aeroporto. E cinco pessoas da Polícia Federal vieram me pegar e colocar em um carro que havia na pista e me levaram para o subterrâneo do aeroporto.

Blog: O Sr. já estava sozinho nesta hora?
Padre Vito: Sim. Estava numa salinha como essa e lá fiquei esperando o avião de 22 horas, que iria para a Itália. Mas vi que o telefone tocava sempre e eles só respondiam com monossílabos, sim, não… Eu não sabia o que ia acontecer. Às 21 horas, apareceram duas pessoas, uma delas era um bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Ele disse: “Padre Vito, o senhor tem que vir comigo”. E eu perguntei: “mas, não vou viajar as 10 horas?” E ele disse que não porque havia sido suspensa a expulsão porque quatro advogados de partes diferentes do Brasil, pediram habeas corpus em meu favor que seria julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). Fiquei dois dias na residência do cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom Eugênio Salles. Ele estava em Roma, mas logo que soube da minha expulsão ligou para lá dizendo para colocar toda a estrutura a minha disposição no Alto do Sumaré. Naqueles dois dias tive contato com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e com o Núncio Apostólico e depois tive a oportunidade de explicar o que tinha acontecido. Por outro lado, falei com o presidente da OAB, (Eduardo) Seabra Fagundes, com juízes e advogados de comissões de Justiça e Paz do Rio e de outras partes que vieram também me prestar solidariedade. Dois dias depois fui ao aeroporto para ir a Brasília, na sede do Supremo. O problema é que os documentos estavam retidos, e por isso, poderiam me prender. O próprio presidente da Ordem disse que se padre Vito for preso no aeroporto por falta de documentos, nos consideraremos todos presos, advogados, juízes e padres. Fomos a Brasília. Lá esperei duas semanas porque o Supremo que devia me processar, adiou o julgamento. Eu fiquei na sede da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e no dia 30, me julgaram e me condenaram por atentado a segurança nacional e por distúrbio social. Fui preso de novo, voltamos ao Rio e lá me colocaram, de novo, no subterrâneo do aeroporto porque todo o Brasil tinha se levantado e estava ao meu lado. O governo pensou em fazer um ato de força contra a igreja através do meu caso. Mas desde quando saiu a primeira denúncia, a gente fez comunicado que mandamos a todos os cardeais e bispos do Brasil para que todos tomassem conhecimento do que acontecia. Ao passo que tentaram outra vez pela televisão dizer que eu era terrorista, subversivo, contra o Brasil etc., mas o povo vinha sabendo da realidade das coisas pela igreja por aquilo que a gente informava e o Brasil todo ficou contra o governo. Não só a igreja. Toda a sociedade civil e igrejas evangélicas também. E assim viajei de volta para a Itália, no dia 31 de outubro de 1980. Fui expulso do País.