Após algumas horas no local da operação de retirada das famílias da Favela do Pinheirinho, o jornalista e blogueiro Leandro de Jesus, do Blog de Poá, relata a Agência Atitude suas impressões e constatações do cerco montado pela Polícia Militar (PM) em São José dos Campos.
“A PM aumentou o raio do cerco para evitar que chegassem pessoas um ou outro conseguiu furar o bloqueio cortaram energia, telefone e, no fim da tarde, provavelmente, também o sinal de telefone celular. Apenas duas escolas foram reservadas para abrigar o povo. A equipe de assistência oferecia apenas lanche e vale transporte. Estas escolas ficam dentro do raio do cerco montado pela PM. A prefeitura não tinha qualquer programação, apenas hoje as assistentes sociais receberam ligações, muitas rejeitaram pois queriam por escrito a ordem. As que foram a campo, algumas comissionadas da prefeitura, tentaram resistir ao trabalho. Até o fim da tarde, apenas 10% haviam passado pela triagem. Dentro da comunidade ainda havia conflito com bombas de gás.
A rodovia Presidente Dutra (BR-116) ficou interditada por duas horas e meia. A foto que fiz era da rodovia Ayrton Senna (SP-70). Havia em torno de uma dezena de caminhões da Tropa de Choque e muitas viaturas e motos voltando para São Paulo enquanto me dirigia para São José.
Não houve a prisão de parlamentares, como chegou a ser divulgado, nem mortos oficialmente, embora pessoas da comunidade informem que há. O fato é que há sim pessoas feridas gravemente. Amanhã, haverá panfletagem em frente as fábricas, houve até quem recomendasse intenção de greve, mas foi rejeitado no Sindicato dos Metalúrgicos. Haverá manifestação às 9h e às 16h, na praça central da cidade.
Primeiro, a polícia pediu para ninguém sair das casas, depois, elas saíram e eles lacraram as moradias. As famílias das últimas ruas foram para o confronto. A juventude da cidade é que foi pra frente da casa do prefeito, que mora em um condomínio. Há um aparato de advogados, lá, em SP e em Brasília, que trabalham para reverter a situação. Muitas pessoas chegaram no fim da tarde para dar apoio ao movimento, seja nas manifestações ou mesmo para auxiliar as famílias, mas não podiam passar pelo cerco montado pela Tropa de Choque.”
O saldo até o momento é de 18 pessoas presas, sendo que 16 já foram liberadas. Um menor continua apreendido na polícia. O Sindicato dos Metalúrgicos vão ficar nesta noite em vigília no Pinheirinho. A desocupação é lenta e deve se estender pela semana.