Porque você deve fazer música própria?


Sem música, a vida seria um erro. A frase de Friedrich Nietzsche é para mim a mais acertada entre as que já pude ler. É perfeita.

Poucas coisas são tão gratificantes para mim do que ver uma pessoa que jamais vi na vida me dizer: Cara, tua banda é boa… Hey, parabéns por aquela música. E coisas do tipo. E por quê? Porque essa pessoa não tem a menor obrigação de gostar da minha música. E é aí que eu quero chegar. Se ouvir uma boa música já é bacana, o que dizer quando a sua canção se torna bacana para alguém?

Há um sem números de bandas covers por aí. Não que isso seja ruim, mas nem de longe é tão bom. Por certo o que leva uma pessoa a querer aprender um instrumento é algum artista por ela considerado bom ou ainda uma única canção. Eu adoro tocar músicas dos outros, também.

Mas eu partilho da opinião de que qualquer cidadão com um violão debaixo do braço deve, em algum momento, fazer uma música para chamar de “sua”. E não pela posse, pelo status que isso talvez traga. Fazer música própria é o caminho certo!

Pois bem. Eu não consigo descrever a sensação de receber um elogio, oriundo de um estranho, a uma musica da minha banda. É algo realmente peculiar… Sempre imaginei o que os grandes artistas sentem ao ver um estádio lotado com gente de todos os tipos e idades cantando aquilo que eles (artistas) fizeram por pura inspiração. É possível ver garotinhas se descabelando e marmanjões aos prantos. A mim, a música é a única arte que tem esse poder.

Só consegui ter uma noção mínima do que seria esse sentimento quando um rapaz me escreveu um e-mail citando a canção “Deus do Cinza”, da Colettive, como uma das melhores que ele ouviu “nos myspaces da vida”. Isso realmente me deixou perplexo. Explico: na Colettive não há nenhum CDF de música.
Ninguém domina um instrumento. Nenhum de nós estuda música. A coisa é um baita dum lazer para todos nós. Tampouco temos estrutura de equipamentos para fazer o que sentimos vontade. E ainda assim, quando sentamos para fazer uma música nova, tentamos fazer o melhor dentro daquilo que está ao nosso alcance.

Então, se você tem um instrumento musical e quer ter uma banda, esqueça o cover ou se aproveite dele apenas por um tempo para ganhar dinheiro tocando em bares e ‘baladjénhas’. Mas faça a coisa acontecer. Não importa se você vai ficar famoso, conhecido ou reconhecido. O que sei é que aquele bem estar que você sente vendo dezenas de pessoas “pirarem” com seu cover vai se tornar uma coisa medíocre quando um único ser te chamar de canto e te dizer: cara, tua música é muito boa!

A vida é feita de sensações, mas as inexplicáveis são as melhores. Não há dúvidas. Apenas ouse.

Will Pereira é jornalista, repórter do jornal Mogi News e membro da banda Colettive.
E-mail: zeroa10@yahoo.com.br
Twitter: www.twitter.com/cestwill

Trilha sonora durante o texto:

R.E.M.(Bad day), Muse (Undisclosed desire), Arnaldo Antunes (O seu olhar), Jack Johnson (Do you remember), TV República (Farmácia sem romance), Dead Fish (No chão), Radiohead (You and whose army?), Norah Jones (New York City), Morrissey (First of the gang to die), The Strokes (You only live once), Plebe Rude (Brasília), Depeche Mode (Precious), Air (Venus), Mukeka di  Rato (Rambo quer matar Che Guevara), The Cardigans (Erase and rewind), Facção Central (Quando é que vão olhar para o inferno?) e Sean Bones feat. Norah Jones (Turn Them).